domingo, 23 de dezembro de 2012

Uma despedida a Flor de Liz

Hoje é um dia diferente para Olhos Chorosos. É o dia de enxugar as lagrimas, simplesmente porque elas secaram e ja nao faz mais sentido. O tempo se passou e coisas aconteceram. A cada falta cometida por Flor de Liz, Olhos Chorosos ficava cada vez mais desolada, cada vez mais sozinha, e essa solidão chegou como quem nao queria nada e foi mudando algo, bem lá onde ficava protegido o amor que sentia por sua terna Flor de Liz, que ja nao estava mais ao seu lado como antes, que ja nao queria compartilhar o travesseiro como antes, que nao a queria mais deitada em seu peito planejando seus futuros como antes, que nao tocava seus labios com ternura como antes. Ja nao eram mais Flor de Liz e Olhos Chorosos. A cada olhar nao trocado e beijo nao dado uma coisinha ia mudando dentro do peito da pobre Olhos Chorosos. Essa provavelmente será uma das muitas palavras das quais Flor de Liz, esnobe que está, nem sequer irá ler. Da ultima vez, foi lhe entregue em maos, uma carta escrita a mao, com a letra tremida, com a tinta borrada das lagrimas que caiam no papel, nem sequer leu nenhum dos sentimentos ali expostos, seus olhos nao queriam saber de percorrer o papel amassado que tantas vezes foi dito por Olhos Chorosos que seria jogado fora, que nao poderia existir nenhum relato daquele porte. Era uma carta muito forte afinal, tocava até que nao conhecia o antigo casal. Alguns trechos sempre a faziam chorar, mas ela continuava lendo, tentava se conformar, tentava negar, se machucava de proposito, se jogava num mar de lembranças do que ja era um passado um tanto quanto distante só pra mostrar para ela mesma o quanto nao era boa o suficiente, o quanto era um peso morto, o quanto nao era mais amada por quem tanto queria ter ao lado. Mas a cada vez que isso acontecia, algo mudava. Algo se tornava mais fraco. Algo ia deixando de existir como se nunca tivesse estado presente, algo ficava no tempo e no espaço como se fosse um fruto da imaginaçao. Nao se deixa de amar uma pessoa do dia para a noite, isso é uma coisa que é provocada, uma coisa que vai acontecendo aos poucos, vai se acabando, se exvaindo, sendo extraido do peito com força, como se fosse um mostro, um sanguessuga do qual temos quenos livrar. Nessa hora, Olhos Chorosos chegou a conclusao de que existem pessoas que sao uma especie de vampiros da vida real, estao ali só para sugar, se alimentar da vitalidade que a pessoa esbanja, ficar forte roubando algo que os outros tem de especial. Tendo esse raciocinio em mente, chegou a hora de Olhos Chorosos dar um basta, tirou todas as forças de suas viceras, lutou contra, até que houve o momento em que olhou para Flor de Liz, que estava ali, sorrindo, conversando com pessoas proximas, olhou bem no fundo daqueles olhos castanhos, cobertos por mechas  jogadas e umidas de seu cabelo liso e bagunçado e nao conseguiu sentir nada, nao se comoveu, nao sentiu o peito apertado, nao sentiu o aroma puro do amor, nao sentiu a brisa dos apaixonados, apenas viu aquela pessoa ali, sendo uma pessoa comum. Uma pessoa por quem Olhos Chorosos ja havia se apaixonado antes e nao mais.

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