quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Romance de Botequim

E eu acho que eu me perdi no meu maldito sonho perfeito, me vejo agora como se eu mesma fosse uma lembrança de um dia embriagado. Sem ver mais, sem ouvir a voz e muito menos o toque, que estava tão presente a pouco. Eu permaneço sussurrando como uma oração doentia e achando que isso me faz mais mulher.
Aquele romance de botequim que me fazia pensar em tirar o vestido e continuar dançando. Perdendo o fôlego toda vez que olhava no fundo daqueles olhos. Infeliz mera lembrança.
A correria na noite dos foragidos, todos os risos, toda a falsidade das pessoas ao redor, falando rápido, se sentindo no caminho da ilha dos prazeres, um iludindo ao outro a cada jura de amor. E eu permanecendo bem, o tempo passando e eu ficando bem, tudo bem.
Aquele maldito sonho perfeito que eu me agarrava quando embriagada, voltando e fugindo pela mesma entrada, os mesmos trilhos enferrujados, eternizados no torpor que tivemos ali e que ali permanecerá. Não estou triste, só estou comum. Presa no sentimento ilusório de que tudo está como esteve ontem e semana passada, repetindo que tudo está bem quando está normal. Nem bem nem mal, nem feliz nem triste. Tudo apenas está...