quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Veneno de Minha’lma

Como uma veneno na minha alma, sim, um veneno que se alastrou e eu não pude conter. O sentimento em mim de perda hoje é como uma derrota que permanecerá para sempre. Eu olho em volta e não a vejo habitando o meu redor. E pensar que eu já passei por isso antes, nunca imaginei que aconteceria novamente. Esse veneno que está em minha alma me corrompe até a sanidade. Eu permaneço chorando no quarto frio, vazio, imaginando onde ela está agora, se está bem, se também sofre porque a escolha não foi nossa. Jamais escolheríamos tal desgraça, jamais ficaríamos separadas. Os meus olhos hoje são de alguém que não fez nada para merecer isso, Talvez tenha sido melhor, mas para mim, para mim só resta sofrer com as lembranças nas fotografias, para mim só resta morrer dia após dia lembrando dos sorrisos que já me arrancou ate quando eu estava triste. Para mim resta esperar que esse veneno corroa tudo e faça essa dor parar

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Romance de Botequim

E eu acho que eu me perdi no meu maldito sonho perfeito, me vejo agora como se eu mesma fosse uma lembrança de um dia embriagado. Sem ver mais, sem ouvir a voz e muito menos o toque, que estava tão presente a pouco. Eu permaneço sussurrando como uma oração doentia e achando que isso me faz mais mulher.
Aquele romance de botequim que me fazia pensar em tirar o vestido e continuar dançando. Perdendo o fôlego toda vez que olhava no fundo daqueles olhos. Infeliz mera lembrança.
A correria na noite dos foragidos, todos os risos, toda a falsidade das pessoas ao redor, falando rápido, se sentindo no caminho da ilha dos prazeres, um iludindo ao outro a cada jura de amor. E eu permanecendo bem, o tempo passando e eu ficando bem, tudo bem.
Aquele maldito sonho perfeito que eu me agarrava quando embriagada, voltando e fugindo pela mesma entrada, os mesmos trilhos enferrujados, eternizados no torpor que tivemos ali e que ali permanecerá. Não estou triste, só estou comum. Presa no sentimento ilusório de que tudo está como esteve ontem e semana passada, repetindo que tudo está bem quando está normal. Nem bem nem mal, nem feliz nem triste. Tudo apenas está...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Choro dos Fracos


Eu suguei  toda a força que você tinha, e no fim me vi muito fraca. Você não tinha nada a me oferecer mais e eu não tinha mais nada que eu podia querer. Apenas o silencio já me torturava porque gritava com todas as suas forças de dentro de mim como eu conseguia ser desprezível. Como eu já estava no meu limite, saturada, como eu já tinha gasto toda  a força que eu tomei de você em coisas idiotas. Como a vida tem sido para mim não é mesmo? Parece que querer não faz mais nenhum sentido, querer não é o suficiente para mim nem pra você  Querer só joga na sua cara o que você não tem, o que você não é. Todo aquele vazio das minhas palavras de todos os dias hoje se mostrava presente como um monstro gigantesco que eu tenho que carregar, que eu tenho que ficar acorrentada. Cada segundo que passa e as lagrimas rolam eu me sinto mais fraca, mais isolada, a sombra na parede fria só me mostra a verdade. Só me mostra que eu tremo e choro por alguém que eu nem se quer conheço. O gosto amargo de andar repetindo dentro da minha mente que tudo ficará bem, o gosto de saber que não é verdade. A cada vez que alguém tenta me acalmar eu me sinto pior, eu vejo que realmente este pesadelo existe e é tão real quanto a escuridão que me rodeia. Como uma reza eu imploro, eu me mantenho imóvel apenas acreditando que o amanha será melhor, quando na verdade amanhece o mesmo sol de todas as manhãs, os mesmos dias lindos e cinzas, os mesmos olhos desolados no espelho ao se arrumar,ao forjar um sorriso para todos que me olham. A alma que já não tem mais forças para lutar permanece tentando, sem sucesso, sem vontade. O corpo pesado rasteja novamente para os braços de alguém, um alguém qualquer, um alguém sem nada, um alguém comum. Todas as risadas forçadas a sair como um desespero, como uma punição, como alguém que ri obrigado e sente nojo de si mesmo. Eu hoje, sou alguém que não vê mais sentido na maioria das coisas que eu gostava, mas que insiste em fazer as mesmas coisas para ver se algo renasce dentro de mim. Como um ultimo ato, eu caminho ate o espelho, tento ver alguém especial dentro dos meus próprios olhos, não consigo ver nada, apenas a mesma cor opaca de quem sofre sem ninguém para estender a mão  A musica toca bem alto e cada vez acalenta meu coração como uma divindade, mas não é o suficiente, acreditar nunca é o bastante. 

domingo, 19 de maio de 2013

Chinelo de Dedo

Eu tentei voltar, por no minimo tres vezes deis meia volta e nao dobrei a esquina. O mais estranho é lembrar que todas as vezes consecutivas que eu dei meia volta voce se manteve inerte, de pé no portao com seu chinelo de dedo. Só olhando. Sem dizer uma palavra. Será que ficou desapontado quando eu desisti afinal? Eis o tipo de resposta que nunca saberei. Eu dobrei a esquina e percebi que meus joelhos estavam tremulos. Eu dobrei aquela maldita esquina e tentei acreditar que sua alma ja tivesse sido minha algum dia. A distração que tentei arrumar nao conseguiu conter as lagrimas que o olho descrente chorava. Eu sequei o olho espantada por nao acreditar que o sentimento era de perda. Apesar do que eu costumava demonstrar tudo estava ali, sendo sentido e permanecendo em meu coração. O caminho para casa naquele dia foi longo e silencioso, eu apenas ficava em perfeita e absoluta dúvida tentando entender se existia a palavra culpa. Minha expressao era de desespero e eu continuava sem dizer uma unica palavra. A confusao em minha mente era tao profunda que eu desconhecia qualquer tipo de musica que tocava ao fundo. Tentei chorar, tentei me libertar da situação que me causava tanta agonia mas ela nao saía de mim. Grudava em meu corpo pós coito como uma lembrança de que meu corpo havia sido seu como uma especie de propriedade. Este mesmo corpo estava suado e ficava pegajoso em tudo que tocava. E isso só servia pra me fazer lembrar do seu corpo, lembrar do seu rosto, lembrar do seu jeito de fazer as coisas. O seu jeito de fingir que o mundo inteiro nao existia, sem a preocupaçao de nao me tocar uma vez mais no dia de amanha. Dessa vez o amanha nao chegou para nós de fato. Creio que todas as vezes que naquele dia que eu dei meia volta eu pensei em gritar. Todas as vezes eu quis te pegar pela gola da camisa, te cuspir na cara, te humilhar na porta da propria casa, te dizer que tudo estava estragando, te explicar que a ponta da corda estava indo embora e eu nao conseguia alcançar a tempo, mas todas as vezes que dei meia volta, me deparava com seu rosto que apesar de demonstrar calma tinha olhos medrosos e que ficava ali, plantado e sua bermuda apenas a olhar, talvez esperando que eu fizesse algo. Agora que estou lembrando fez sentido. Voce nao entrou em casa. Talvez tenha ficado ali absorvendo o que aconteceu, plantado na calçada dura e fria. Nunca saberei ao certo. Sei apenas que depois de tantas ameaças, por assim dizer, quando finalmente dobrei a esquina fiquei tomada por uma especie de força que me prendia ao pensamento de nao fazer a minima ideia de como as coisas seriam daqui pra frente. A dor tomava conta de mim, mas meus pés tomavam o controle e iam embora somente, ja estavam cansados de voltar e ficar de frente para os seus. E eu me mantinha segurando o choro quando seus olhos encontravam os meus naquela situação de ultima vez, que ja tinhamos tido tantas ultimas vezes mas essa era diferente. Quando o choro saiu desafogou as palavras que eu nao pude dizer, que eu nao fui forte o suficiente para assumir, para sofrer de frente para voce. Eu e meu grande ego, eu e minha dificuldade de assumir as coisas que eu sinto, assumir as coisas que eu nao consigo ser ou ter. Cada vez que eu dava meia volta eu pensava em como eu era fraca, como eu nao era digna. Na ultima vez que dei as costas me senti forte, me senti superior, ate que dobrei a esquina e o mundo inteiro estava sem cor nenhuma, olhei pro lado e estava sozinha, triste, completamente sufocada pelas verdades que eu nao conseguia dizer. Estava tudo acabado entao.

domingo, 31 de março de 2013

Dois demônios brancos

Me afundar num ataúde musical, ouvindo bon iver, com os ouvidos mergulhados na voz que me diz tudo que eu sei mas não tenho coragem de repetir em voz alta. Eu quis chorar, com dois demônios brancos, um a cada lado, me protegendo e me matando, sugando toda minha vitalidade, deixando meu corpo febril e minhas olheiras mais profundas. No olhar ficou a lembrança de tudo o que eu queria ter feito todas as atitudes que eu tinha que ter tomado, todo o sangue que vazou do meu coração, já machucado varias vezes, com o meu dom magico de estragar tudo por estar cega, acreditando em todos os sorrisos que me dão, acreditando em todas as mãos estendidas. Lembrando da sua voz ao telefone , me dizendo a verdade que eu não acreditava, me fazendo sentir como se o ar fosse mais puro. Mas agora não fazia mais sentido, os dois demônios estavam ali e choravam tristes por saber que não eram fortes o suficientes, por terem se mostrado infelizes por saber a verdade até então  Essa realidade que todos tem sobre a perfeição mundana só nos diz o quanto somos patéticos por tentar saber de algo alem que não existe mais aqui. Todos os dias de manhã eu espero, eu rezo, eu imploro a uma força maior, ainda que inexistente, para que algo de muito extraordinário aconteça, para que algo mude o que eu sinto, minha perspectiva da vida, minha falta de encanto, meu coração que já não fica acelerado por ninguém  nem por nada. Não me surpreende mais, não mais,nada mais. A voz continua cantando, me fazendo escorrer lagrimas no teclado, mas isso nunca me impediu de continuar escrevendo, porque eu sou jovem, e tenho tudo a flor da pele. Um dos demônios me olhou nos olhos e viu minha vida toda, eu não pude fazer nada, só fiquei ali, sentindo minha alma ser explorada como se nada mais importasse. O outro só observava enciumado, se sentindo frágil por não ter coragem de explorar os meus segredos mais profundos, nisso que eu tenho de tao precioso e desperdiço  nisso que eu chamo de vida as vezes, no caos que habita dentro da minha mente a cada vez que volto pra casa e penso que tudo vai ficar bem, enquanto me atolo nas memorias de tudo que eu ainda não vivi  Eu desci a rua e tinha um demônio de cada lado, tentando parecer forte, tentando ser alguém mais especial pra mim mesma,tentando fazer com que a vida tenha um sentido magico. Tudo não passou de um suspiro, breve e pesado.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Fim do Baile de Mascaras

Eu caminhei. Eu estava ali fazendo meus passos virarem lenda na noite escura a dentro. Nada ao redor. Nenhum caminho para voltar, nenhuma mão amiga ou sorriso. Apenas o perigo ali, existente na solidao daquela noite, que começou alegre, feliz e terminou comigo ali. Na calçada. No chao de asfalto a inxar meus olhos. Eu queria um abraço. Estar ali, naquela calçada como um nada, como um pedaço de carne desfalecido, me fez lembrar de um tempo muito ruim. O tempo em que eunao tinha ninguem. O tempo em que a rua silenciosa e misteriosa era minha unica amiga. Amiga das mais traiçoeiras. Minhas maos ficavam suadas e esfregavam o chao duro e frio de pedra para se esquentar, os olhos nao relaxavam pradescansar, ficavam ali, abertos, estaticos, arregalados, desesperados, medo de qualquer sombra, qualquer ruido, qualquer estranho que passasse a minha volta. O tempo em que eu tremia ao pensar em voltar pra casa. O tempo em que os olhos de algumas pessoas pesavam sobre mim. Essa noite me fez recordar uma época muito ruim e que eu parecia estar vivendo de novo. Dessa vez nao era medo de voltar pra casa, dessa vez nao tinha como, eu estava ali, era prisioneira daquela noite. Horas a fio que eu passaria ali. Estranhos que paravam, olhavam e podiam me causar todo tipo de mal, mas eu tinha algo ali comigo, eu tinha o vento que soprava e me dizia que eu ainda estava viva e que apesar do medo e do rancor eu estava ali, o vento batia em meu rosto e me lembrava que eu estava respirando, fundo e ofegantemente, mas estava ali, respirando ainda. E no meio do meu pensamento de me alojar ali, naquela rua, naquela rua que eu ja havia sido feliz tantas vezes, o vento soprou mais forte, como quem me empurrava para o outro lado. Eu entendi como um convite, meu coração nao me permitiria cair na fraqueza, jamais ele deixaria isso acontecer. Me levantei tremendo e com os ohlos que antes eram atentos, agora molhados de lagrimas quentes de ódio, lagrimas de quem ve os rostos de todas as pessoas que nao puderam estender a mao, lagrimas porque nao havia ninguem ali que pudesse me ajudar. Eu olhei ao redor, vi a rua amarela iluminada pelas lampadas da madrugada e nao vi ninguem, nao ouvi nada, só ouvia meu coração batendo acelerado, apertado por nao saber o que eu iria encontrar na proxima esquina. Eu fechei a mao, que tremia, pude sentir as unhas invadindo a carne, cortando lentamente, mas nao pude parar, continuava ali, forçando, até que quando nao aguentei mais eu disse, como num sussurro: ''Eles nao vao me vencer. Eles nao vao fazer com que eu perca a cabeça. Eles nao vao conseguir.'' Eu repetia cada vez mais baixo, como quem conta um segredo precioso : ''Nao vao conseguir, nao vao me vencer, nao vao conseguir, nao vao me vencer''. Até que a coragem de sair dali veio como uma força que irradiava uma aura purpura em volta do meu corpo e eu gritei ''EU NAO VOU DEIXAR!''.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um começo


Ela olhou nos olhos dele e sentiu medo por dentro do sorriso que dava, com os olhos baixos e ainda sorrindo ela sussurrou: ''vamos nos destruir''. Levantou os olhos e teve certeza de que aquilo iria acontecer, tudo se confirmou naquela cara sem barba de olhos vibrantes que estava a sua frente. Ele disse como quem canta uma musica: '' somos um casal velho e bobo''. Nesse momento, passou tudo numa velocidade incrivel na mente dela e ela se lembrou de cada detalhe, daquela que parecia ser uma velha historia, mas que havia acabado de começar.

O ritmo com o qual ele tocava seu corpo, o jeito como o caelo dele parecia estar arrumado, mas nao estava, a boca que fazia uma muchocho de leve no fim de algumas frases, ela ja conhecia cada detalhe, como se tivesse passado a vida toda ali, ao lado daquele que tinha os olhos que entravam em sua alma com a maior facilidade do mundo.

Apenas sentiu vontade de agarrá-lo e sair correndo, se afastar de tudo e todos, proteger aquilo que era tão novo e tao precioso. A cada vez que respirava o mesmo ar, ela sentia um alivio gigantesco como se fosse a sombra debaixo do sol forte.

Quando os labios se tocavam, ela podia claramente sentir aquela preguiça boa que a fazia ficar ali, acorrentada naquela pessoa a quem ela mal conhecia, mas que ja estava completamente presente em sua vida, como se sempre estivesse estado ali, mas que havia acabado de chegar e como numa magica barata eles estavam juntos. Apenas ali. Sem saber porque. Sem saber exatamente como. Mas era só isso que sabiam, que estavam juntos.