segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Verdade Ou Consequencia




 

 

 

 

 

 

QUEM SE ATREVE A JOGAR

 





















Só Mais Uma Terça-Feira

Nervosismo. Palavra perfeita para descrever como Luciana se sentia naquele dia. Dia aquele que ela não fazia idéia do que iria desencadear. Havia algo de diferente naquilo. Algo misterioso, um tabu que ela tinha que quebrar. Mandou uma mensagem de texto para a amiga Ângela. Um mundo novo iria se revelar diante dos olhos de Luciana. Ela chamou a amiga para cabular aula em uma sala vazia. Os alunos daquela sala estavam todos na quadra para a aula de Educação Física. As duas amigas entraram na sala e fecharam a porta. Sentaram-se uma de frente para a outra. O interesse entre elas estava visivelmente aparente. Elas tentaram descontrair o clima tenso conversando sobre qualquer coisa sem importância, mas na cabeça de Luciana tudo aquilo ia incentivando dentro dela uma inquietude jamais antes vista.

A porta se abre, uma garota daquela sala, conhecida das duas amigas, entra e procura por algo, sai em alguns minutos e toda a distração vai embora. Luciana olha para os olhos da amiga tenta se concentrar mas tudo se traduz em um ataque de riso incontrolável. Angela vendo aquela reação inesperada se deixa levar e cai nas gargalhadas também. Luciana rindo de medo, por assim dizer e Ângela rindo do medo de Luciana. As risadas se estenderam por um tempo considerável, cerca de meia hora. Até que as risadas se contém em um olhar sério e preocupado:

- Você tem certeza disso? – disse Luciana, procurando algo que a impedisse de alguma forma.

- Tenho, mas se você estiver nervosa, ou não quiser podemos resolver isso depois, estou perdendo minha aula de química.

- Querer eu quero, afinal já estamos aqui e sinceramente não dou a mínima pra sua aula de química, eu também estou perdendo aula mas não estou reclamando. E aí? O que acontece agora? – perguntou tremendo mas tentando se mostrar totalmente relaxada.

- Agora a gente fica, mas você está muito nervosa, não estou te forçando a nada, né? Por que você que fazer isso?

- Não sei ao certo, é algo que eu sempre tive vontade de fazer mas nunca estava...Ah, é uma coisa que está na hora de descobrir se eu gosto ou não. Simples assim – disse enquanto percebeu que Ângela olhava no celular compulsivamente – Você quer fazer isso?

- Quero, por quê a pergunta?

- Porque você não para de mexer nesse celular, está falando com alguém, ou está só disfarçando?

- Disfarçando o que?

- Seu nervosismo. Ou você acha que eu penso que você está totalmente confortável com essa situação? Me engana que eu gosto!

- Tudo bem – disse colocando o celular no bolso- estou pronta. E aí, Luciana? Vai parar de frescura ou não? – disse em um tom sério como quem lança um desafio

Nesse momento Luciana ficou estática. Apesar de tudo, de não querer dar o braço a torcer e mostrar-se dona da situação ela tinha medo. Nunca havia beijado uma garota antes e aquilo era um mundo totalmente novo. Não sabia o qual radical seria a mudança, mas sabia que sua vida iria mudar de alguma forma. Enquanto estava imersa em seus pensamentos esqueceu de tudo ao redor, ficou ali parada num universo rodeado por suas dúvidas, medos e desejos mais obscuros. Ficou com o olhar perdido por alguns minutos e Angela a observava pacientemente e com o olhar que parecia querer decifrar onde estava a mente da garota a sua frente. O sinal da troca de aula tocou como se para lembrar Luciana que o tempo não era infinito e que ela não podia perder mais uma oportunidade de ter mais uma história para contar e para se Lembrar antes de dormir. Então saiu de seu mundo, voltou para o mundo real e olhou nos olhos da garota morena e masculinizada a sua frente. Se aproximou lentamente, como um animal que verifica confiança em um estranho, fechou os olhos e a beijou de forma lenta, como quem pisa em um campo minado. Um beijo lento porém que ao chegou a meio minuto sequer. Passos no corredor, os olhos se abrem e todo o medo do desconhecido vai embora, o oculto já havia sido revelado. As duas amigas se levantam, Ângela vai ao banheiro e Luciana volta para sua sala.

° ° °

Vitor sai da quadra após um jogo de vôlei e vai de encontro ao amigo Murilo. Esse estava esperando o amigo para subir até a sala de aula. Quando já estavam no corredor, bem próximos a sala, Vitor foi até o banheiro para lavar o rosto e encontrou Ângela saindo do banheiro feminino:

- E aí? Vai vir amanhã? Véspera de feriado, acho que não vai vir ninguém..- perguntou como que puxando assunto

- Não sei. Depende, vou ver se uma mina aí vai aparecer...

- Quem dessa vez? Eu conheço?

- Não sei. Talvez sim, talvez não – lançou fazendo mistério

- Você está inventando, deve ser uma namorada imaginária -zombou o amigo

- Amanhã você vai ver, vou pedir pra ela vir aqui e quero só ver a sua cara de besta! – disse já saindo pra ir para sua sala

Murilo ao entrar na sala se depara com Luciana andando e rindo pelo corredor e fechando a porta de sua sala vazia. Achou estranho, pois não havia ninguém na sala e não via motivo para ela sair de lá nem para estar com aquela cara de criança que apronta enquanto a mãe não está vendo. Enquanto cruzava com ela no corredor maquinou e tentou imaginar qual seria o motivo que levou essa menina a entrar na sala que não era dela enquanto não tinha ninguém presente e sair com aquela cara. Ficou imaginando enquanto sentava-se em sua mesa, mas suas especulações foram interrompidas pela chegada de Vitor, que se sentou na carteira de trás e comentou:

-Encontrei a Ângela agora.

- E daí?

-Ela falou que está ficando com uma menina aqui da escola.

-Quem é a louca? – zombou Murilo

- Não sei, mas vamos ver, ela disse que vai convencer a menina a não faltar amanhã e irá me apresentar a ela, se é que eu já não a conheço...

- Você não perguntou quem era?

- Perguntei, mas ela fez mistério e não me contou, falou que amanha se a menina decidir vir ficarei sabendo- disse Vitor

-Então veremos... Mas eu acho que é mentira, queria aparecer e não sabia como, só pode.

- Não sei, só amanha saberemos dessa farsa, não é mesmo?

-Parece que sim –disse Murilo desconfiado

Naquela noite, pela internet, Luciana e Ângela conversavam:

Luciana: E aí? Vai amanhã?

Ângela: Vou, você vai?

Luciana: Não sei, estou vendo ainda... Acordar cedo já é complicado, em um dia que eu sei que não vai ter aula é mais complicado ainda!

Ângela: É verdade, mas eu queria que você fosse...

Luciana: Ah é? Por que?

Angela: Sabe, não sou muito de ficar, só fico com as pessoas que eu gosto, eu costumo namorar, sabe?

Luciana: Humm... E você quer dizer o que com isso?

Ângela: Acho que a gente podia tentar namorar... Você quer namorar comigo?

Luciana: Olha, não é que eu não queira, mas não quero começar um relacionamento com você através de um pedido pela internet. Acho melhor a gente conversar sobre isso amanhã, tudo bem?

Ângela: Tá certo. Vou dormir,boa noite.

Luciana: Boa noite, Ângela.



° ° °

-Alô, Murilo?

-Oi, Vitor!

-Você vai amanhã?

-Vou, vamos almoçar juntos antes do curso?

-Ok, podemos ir. Lá no shopping? – perguntou Vitor

-É, chega cedo amanhã, porque você sabe, amanhã não vai ninguém e não gosto de ficar sobrando.

-Hahaha, ta. Estarei lá na primeira aula!

Murilo desligou o telefone e ficou pensando que tinha algo de diferente acontecendo. Estava com uma espécie de pressentimento, não sabia se algo bom ou ruim iria acontecer, mas algo ia mudar e ele não sabia o que era nem o que fazer sobre isso. Só restava esperar.



















A Quarta-Feira, O começo...

Luciana chega na escola atrasada, vai direto para sua sala e se depara com 1/6 dos alunos. Está mais do que na cara que não teria aula. Seria um dia para ficar jogando conversa fora. Os amigos de Ângela haviam ido e isso a preocupou, pois nunca tivera falado com nenhum deles. Temia que ficasse sozinha na escola o dia inteiro.

Luciana saiu da sala a andar pela escola procurando algo interessante pra fazer. Ou tentar achar a Ângela. Antes que conseguisse descer para o segundo andar descobriu que pela falta de alunos iriam juntos os cinco terceiros anos em uma sala só. Seus problemas haviam sumido por um instante. Entrou na sala determinada para que os terceiros anos ficassem e Ângela estava sozinha no fundo da sala estudando para o curso. Luciana se aproveitou da amiga estar sozinha como uma presa fácil e se sentou ao lado dela.

-Bom dia!

-E aí, garotinha? Tudo bem?

-Tudo, estava te procurando... Hoje não vai ter aula né? – riu Luciana

-Pelo visto não...

-E você vai mesmo ficar nessa sala de aula a manhã toda?

-O que você tem em mente?-perguntou Ângela fechando o caderno e o livro.

-Não sei, vamos pro pátio, vamos pra qualquer lugar, agora aqui eu não quero ficar!

-Tudo bem, vamos! Mas antes deixa eu ver se uma pessoa veio...Quero te apresentar a um amigo meu.

Ângela trocou algumas mensagens no celular e logo se votou para a amiga:

-Vamos para a quadra, o Vitor está lá com o Murilo.

-Tudo bem, espere só a professora se distrair e fugimos.

-Ok.

E as duas amigas saíram da sala sorrateiramente e correram pelo corredor, direto para a quadra. Chegando lá, Murilo e Vitor estavam sentados escondidos e logo acenaram para Ângela que puxou a amiga pelo braço e se juntaram a dupla. Luciana já havia tido um contato mínimo com os dois garotos. Ela e Murilo haviam tentado sem sucesso organizar uma viagem para Bariloche e quanto a Vitor, uma vez estavam em um grupo de amigos e trocaram algumas palavras, mas nada que a fizesse conhecer os dois de verdade. Lá estava ela novamente em uma situação totalmente nova tentando mostrar que estava no controle da situação. Luciana acabou se acostumando com situações assim, era só agir como se soubesse segredos que não sabia, que tinha o dinheiro que ela não tinha e que já havia feito coisas que ela não fazia idéia que eram possíveis, tudo isso claro as pessoas interpretavam sobre ela, afinal ela nunca disse uma palavra sobre ter ou não ter, ser ou não ser, fazer ou não fazer, mas o sarcasmo que ela usava juntamente com o conjunto de caras e bocas fazia com que todos quisessem descobrir um algo a mais que ela aparentava ter, mas não tinha.

Os quatro ficaram ali conversando de coisas banais enquanto o tempo ia passando, mas foram interrompidos por um inspetor que queria ouvir explicações sobre o que os quatro faziam ali em horário de aula. Uma discussão começou e logo os matadores de aula tiveram que ir para sala de aula, ou fingir que estavam indo. Subiram até o último andar de prédio antigo da escola. Lá estavam eles sozinhos novamente e Luciana não entendia muito bem, na verdade ninguém ali entendia o porquê que a conversa sempre era em torno da garota, pois afinal todos os outros ali se conheciam e tinham uma conexão maior entre si do que com ela. E não estavam a conhecendo, não estavam fazendo perguntas de quando se conhece uma pessoa. Aquilo era mais uma conversa jogada fora, porém quando Luciana abria a boca para fazer qualquer tipo de comentário o grupo se calava imediatamente, atentos para ouvir o que ela estava prestes a dizer. A garota não sabia, mas tinha um instinto e uma postura de líder impressionante, e isso Murilo já estava percebendo, porém queria saber até onde isso iria. Que tipo de líder Luciana poderia ser?

O bate papo fora interrompido com a chegada de alguns amigos de Ângela com um notebook:

- Ângela sabe se a internet da escola está funcionando aqui?

- Não sei, senta aí gente!

Tinham acabado de chegar Fabio, Luis e Isabelle. A conversa dos quatro havia parado, como se algum ritual secreto tivesse acabado. O silencio reinou por alguns instantes até que Fabio para fazer todos rirem colocou num site pornô. E todos ali ficaram muito interessados, juntaram-se as sete pessoas em volta do computador portátil e tudo ao redor e o ambiente onde se encontravam parecia ter desaparecido. Sete pares de olhos atentos de forma desesperada para a tela. Assistiram a um trecho e logo o notebook estava sem bateria, pela falta de tomadas ao redor Fabio, Luis e Isabelle foram embora, pois afinal o filme era como se fosse algo em troca por terem chegado e interrompido alguma coisa que eles não sabiam ao certo o que era, mas pelo silencio que rodeava o grupo após a chegada dos três eles tinham certeza que algo havia parado.

Depois que o grupo foi embora, uma atmosfera nova tomou conta do ambiente, um tipo de pressa absurda e infinita. Murilo quebrou o gelo:

-Gente, acho que está na hora de jogar!

-Jogar o quê?- perguntou Luciana

-Hahaha! Vamos jogar aqui e agora? Tem certeza?

-E por que não?

-Jogar o que, pessoal? –perguntou Vitor, que também não estava entendendo nada

-Verdade ou conseqüência!- exclamou Murilo tirando a garrafa vazia da mochila

Todos ali deram risada, risada por não fazer idéia do que iria acontecer, mas por ter uma leve impressão, afinal todos ali sabiam que quatro adolescentes sendo dois meninos e duas meninas coisa boa que não ia ser, ou melhor ia ser. Mas o medo rodeava a cabeça dos quatro jovens ali presentes, tudo podia acontecer. E Murilo e Ângela já foram explicando as regras:

-São só três verdades para cada pessoa – determinou Ângela

-Isso! E quanto as conseqüências: se você não fizer o que lhe foi determinado você terá que substituí-lo por outros três que serão determinados pelos demais participantes. Tem que arriscar!

-Tudo bem, to dentro – disse Ângela demonstrando total controle externo, mas surtando internamente

-E você, Vitor?-perguntou Murilo

-Eu já entendi e se não quisesse já teria ido embora!

-Nossa, tem gente que não se agüenta não é mesmo? –riu Luciana

A garrafa foi posicionada no chão e todos ainda tinham suas três verdades para escapar então tudo estava bem, mas o medo ali presente era de ter que aceitar um desafio de Murilo, que era lembrado por alguns por ter uma mente pouco perturbada, ou mal interpretada, cada um que já tivera sofrido com seus planos maliciosos que fizesse sua interpretação e passasse adiante de modo a desejar. Murilo sabia exatamente o que os três estavam pensando e como os atingia facilmente, mas para ele era tudo um grande teste, afinal queria ver o tamanho da vontade de Ângela de se provar uma pessoa diferente, pois afinal, todos a conheciam por suas redes sociais na internet, mas pessoalmente ela era só mais uma garota da escola, sem muitos contatos e sem muitas historias interessantes. Conhecia aquela farsa que ela interpretava, pois ele mesmo já havia o feito.

Antes que o jogo começasse, Murilo foi interrompido por Ângela:

-Antes dessa loucura começar – ao dizer a palavra loucura Vitor ficou vermelho- preciso perguntar uma coisa para a Luciana.

-Mas que coisa Ângela! O que é tão importante que vai interromper o jogo? –perguntou Murilo num tom de aflição

-Luciana, eu gosto de você e ontem fiquei esperando um sim e recebi um não sei. Você pensou sobre a gente?

Luciana ficou estática e por um motivo que ela não sabia qual era, buscava aprovação nos olhos de Murilo. Olhava para a cara dele fixamente como tentando saber exatamente o que ele estava pensando naquele momento, buscava algum tipo de interrupção, alguma coisa que não a deixasse dizer sim nem não, pois afinal as pessoas, na cabeça de Luciana, eram motivadas pela dúvida. Ao contrario do que ela esperava que acontecesse, o mundo se calou, nenhuma alma viva se manifestou. Pássaros pararam de cantar, inspetores pararam de circular pelos corredores, e todos os seis olhos estavam voltados para ela e para o seu olhar perdido, como se pensando em seu mundo particular. Luciana sentindo os olhares voltados para ela resolveu dar continuidade pois afinal, sem ela responder o jogo no qual ela estava curiosamente interessada não iria começar e se respondesse que não, não podia esquecer que aquela sensação de atenção só para ela ia acabar, afinal Angela ficaria sem graça e levaria seus amigos consigo. Luciana raciocinou e respondeu de forma apressada e incerta:

-Sobre o que você está falando? –perguntou Luciana tentando ganhar tempo

-Sobre a gente, você quer namorar comigo?

-Ah isso! – disse Luciana - Quero. – respondeu com a cara mais sem graça do mundo

-Pronto! Chega de melodrama! Vou girar a garrafa – apressou Murilo

O jogo foi se desenrolando com as mais ridículas e sexuais verdades sendo expostas como sendo algo publico, algo que contamos para todo mundo. As três primeiras perguntas foram feitas a Luciana, que em menos de cinco minuto, perdeu todas as suas verdades, coisa essa que ela estava rezando para que acontecesse, pois agora que o jogo começaria de verdade, e o que todos mais temiam, um desafio de Murilo, era o que ela mais queria ter, pois sabia que se ela se desafiasse usando outra pessoa como pretexto não seria julgada, seria o jogo mandando ela fazer não ela querendo fazer. Vitor se mantinha pensativo, não falava nada, e não olhava para lado nenhum. Luciana percebeu a falta de ação do colega passou a compará-lo com os demais. Tentou desvendar o que passava na mente de cada um deles. Para ela, Ângela estava preocupada pois todos ali sabiam que os desafios seriam em torno de Luciana por meros dois motivos: ela era nova e era bonita sem ter aquela beleza óbvia, tinha olhos castanhos, cabelos abaixo do ombro lisos e vermelhos, um nariz expressivo e a boca grande. Angela iria ver a recém-namorada com os amigos dela, na frente dela, bem próximos a ela, não sabia que reação teria, mas sabia que isso não era bom. Murilo parecia estar imerso em seus pensamentos obscuros, o pior sobre ele é que ele não ia ficar feliz só se os macabros desafios dos amigos fossem direcionados a ele,mas sim de ver os outros, era do tipo que gostava de ver o circo pegando fogo.

Vitor parecia uma muralha, não era possível penetrar naqueles olhos e descobrir o que as esferas amendoadas estavam escondendo. Se mantinha olhando para o chão de maneira fixa, raramente piscava. Mas logo todo o segredo em que ele se envolvera seria revelado por uma expressão perversa em seu rosto:

-Vou girar, preparados? –perguntou Murilo- Espero que estejam, principalmente você Luciana! – falou rindo para a colega que não tinha mais verdades a revelar

Logo, Murilo quase explodindo de ansiedade girou a garrafa vazia e todos ali envolta ficaram vidrados no objeto que apontava pergunta para Murilo e resposta para a novata:

-Luciana! Foi o que eu pensei! –gritou Murilo quase explodindo de alegria – Verdade ou consequencia? Ah! Você só tem consequencias! Então vamos pensar! – pensou por um instante e logo começou a rir- Eu te desafio a lamber a jugular do Vitor!

-Isso é serio?

-É sim, minha cara!

Fez-se um completo silencio, todos sabiam o desafio mas ninguém sabia como ele seria executado. Luciana estremeceu e logo foi se explicando:

-Ângela, o farei pelo jogo, afinal isso já era bem óbvio que aconteceria...

-Tudo bem – disse Ângela tentando não demonstrar nenhuma emoção

- Vamos, quero só ver! –novamente interrompeu Murilo- Vamos, vamos, vamos, não temos a vida toda!

E novamente o tempo assombrou a mente daquela garota. Não tinham todo tempo do mundo e se algum dia ela teve uma vontade sequer de fazer algo que viu nos filmes aquele era o momento. Tinha que assumir um personagem, pois afinal de contas, era o jogo e não ela mesma. Vitor estava sentado ao seu lado direito e estava estático, talvez porque Ângela era sua melhor amiga, talvez porque isso nunca havia acontecido com ele antes.

Luciana olhou para ele, para o garoto aparentemente tímido que estava ali na sua frente. Inspecionou com os olhos disfarçadamente. Olhou para seu cabelo castanho, para seu rosto, seus olhos, suas sardas, sua boca, até que chegou em seu pescoço e lá estacionou seu olhar. Ela percebeu o quanto sensual ele era e aquele jeito quieto dava um ar de mistério que ela gostava. E sentia uma forte vontade de desvendar:

-Ai Vitor! Espera, deixa eu...- foi falando enquanto ficou de joelhos ao lado do alto rapaz que estava sentado. Ela percebeu que estava sendo desajeitada antes sequer de começar e espantou toda a timidez, em questão de segundos se transformou da água para o vinho. Segurou de maneira segura o maxilar do colega, reparou que Murilo estava bem a sua frente, lambeu o pescoço de Vitor olhando nos olhos do fiel telespectador, que por sua vez quase explodiu pela encenação quase que perfeita que acabara de assistir. Vitor havia ficado arrepiado e não conseguiu conter a expressão facial satisfeita- Feito Murilo! Eu que giro a garrafa agora, né?

-É toda sua!

O jogo foi se desenrolando as pessoas foram perdendo suas verdades mais sagradas e as consequencias, de leve, foram começando a acontecer e Luciana percebeu uma coisa: Ângela cada vez mais ficava excluída no jogo. Apesar de isso ser de se esperar, todos foram excluindo-a sem perceber, pois afinal Luciana já era sua namorada então não era desafio nenhum para nenhuma das duas ficarem juntas, Murilo tinha certa repugnância pela menina masculinizada e Vitor a via como um amigo. Então para nenhum dos três era viável ter algum contato com ela ou assistir outros tendo contato. Isso engrandeceu Luciana de uma forma que ela pensou em seu cérebro que aquele dia, aquelas sensações e os contatos tinham de ser dela e se repetir de alguma forma. A atenção ela já tinha conseguido para si, mas por quanto tempo?

As conseuquencias envolviam os personagens de forma cada vez mais picantes, ou pelo menos tentava. Os participantes não faziam as coisas como eram exatamente para serem feitas. Exceto quando era Luciana e alguns dos garotos. Agora quando ela não estava envolvida era coisa de milésimos e só servia para fazer rir. A verdade é que os três queriam ser desafiados para fazerem alguma coisa com ela, quando a garota percebeu ser o centro ficou com uma vontade de agradar seu publico incapaz de ser controlada.

Murilo estava a dois dias sem comer, levava em sua mochila um pouco de sal, não comia e quando sentia que iria desmaiar colocava um pouco embaixo da língua retardando o efeito de fraqueza e como tudo estava avançando de forma interessante estava na hora de usar seu aliado no jogo:

-Ótimo, eu desafio Luciana. Deite-se.

-Pra que?

-Só deite-se.

-E agora?- perguntou já deitada e apavorada

-Agora eu vou pegar uma coisa na minha mochila- disse pegando o sal e se aproximando da garota enquanto Vitor e Ângela olhavam curiosos – e jogar um pouquinho só para demarcar os lugares certos- disse, jogando sal pouco acima dos seios e no pescoço – Agora feche a boca querida – Luciana obedeceu sem falar uma palavra sequer e ele jogou sal em sua boca também- Vitor, você terá que tirar o sal – disse olhando para a vitima e fazendo uma pausa dramática – com a boca.

-Murilo, que loucura é essa?

-Vai dizer que você não quer? Olha bem pra ela e fala que você não quer! –disse rindo

-Ângela – disse com dó- é só pelo jogo, sei que vocês namoram e...

-Tudo bem, não estou nem vendo, vá em frente, confio em você -disse tentando mostrar tranqüilidade mas a tristeza transparecia em sua voz

Vitor quase explodiu por dentro. Foi ajoelhado indo em direção a Luciana olhando para a garota toda salgada a sua frente e sentiu vontade de tê-la em seus braços, vontade essa que passou quando lembrou da presença da amiga perto dele. Deitada, sem poder abrir a boca por causa do sal, estava como uma refém amordaçada, Vitor veio e ela olhou em seus olhos de maneira funda e penetrante. Até que ele se inclinou e começou a retirar o sal que estava entre o pescoço e os seios dela. O contato quente da língua dele na pele dela fez que os dois estremecessem e que Murilo olhasse quase inconformado com o modo que ela não o vetou nenhuma vez e que ele não hesitou em lambê-la, mesmo com os olhos curiosos ali presentes. Até que a hora de tirar o sal da boca dela chegou e ele foi direto, não parou para pensar nenhuma vez. E Luciana sentiu o toque agradável da língua dele nos lábios dela. Uma sensação indescritível para ambos, não por química, mas por uma afinidade física incontestável . Quando terminou, Vitor voltou para o seu lugar, quando a garota sentou em seu lugar, que era ao lado dele, os dois se olharam e não conseguiram conter aquele riso safado que todos ali acharam graça ao perceber.

Lambidas em lugares estranhos, olhares sensuais e risadas maliciosas contagiavam o cenário escolar. O jogo continuou e logo chegaram Isabelle e Fabio, o garoto estava completamente embriagado:

-Não acredito que vocês estão jogando isso! –exclamou Isabelle com o bafo de cachaça exalando

-Pra você ver o que o tédio não causa!- respondeu Ângela

-Mas vocês estão jogando isso sóbrios! Vocês não tem vergonha na cara?

-Ah, não tinha vodka, só tinha sal...- disse Luciana enquanto olhava para Vitor de rabo olho

-Sal?!?

-É uma longa historia... vocês querem jogar? –convidou Murilo

-Eu quero, mas o Fabio não gente, ele ta bêbado...deixa ele fora para ele não fazer besteira, ok?

-Você ainda tem vodka?-perguntou Luciana

-O Fabio tem... Mas acho melhor você não beber, se sóbria já está fazendo tudo isso bêbada não quero nem ver! Hahaha!

-Chega de papo! Vamos jogar, só que como a maioria aqui tem curso e a Luciana tem que ir trabalhar vamos fazer assim, cada um vai lançar o desafio que quiser pra pessoa que quiser e se a pessoa não quiser o problema é dela e vai ter que fazer! –exclamou Murilo como se apressando os amigos um a desafiar o outro, pois como todos já haviam percebido, ele gostava do circo pegando fogo

-Eu começo! –disse Ângela - Luciana quero ver um selinho seu na Isabelle!

-Nossa eu esperava uma coisa tão extraordinária e você me manda dar um selinho nela! Quanta criatividade!- disse Luciana enquanto ia na direção da recém-chegada, acariciou os cabelos dela e a deu um selinho de uns dez segundos enquanto os outros observavam e Fabio dormia na escada

-Agora eu! – se desesperou Isabelle- Quero um selinho do Murilo na Ângela!

-Ai Jesus toma conta! Tem certeza? Que horror!

-Eu também não quero Murilo, mas você quem ditou as regras, né?

Ai droga! Se alguém contar isso pra alguém vai se ver comigo! – falou e por 1/3 de segundo deu um selinho em Ângela e depois lavou a boca no bebedouro enquanto os outros se matavam de rir

-Só de raiva agora será minha vez! –disse Murilo com ar de vilão – Quero ver um beijo triplo! Deixa eu ver....-disse fazendo mistério -Quem beijará duas pessoas ao mesmo tempo será o meu amigo Vitor! Depois você me agradece! Hahaha! Mas quem serão as duas pessoas que ele vai beijar? Humm... Deixem-me pensar...-olhou lentamente para cada uma das pessoas ali como se estivesse visualizando habilidades que cada um teria para fazer aquilo ser interessante de se assistir- Isabelle! Você e o Vitor vão beijar...Quem será? Tá bom Luciana! Não precisa implorar com os olhos, serão vocês três! Dêem um show!

Fabio nessa hora pareceu acordar milagrosamente, como se o clima lá o tivesse feito despertar, ele perguntava desesperadamente se o trio teria coragem, se já tinham feito aquilo antes, se estavam nervosos, uma infinidade de perguntas, ele parecia estar mais nervoso do que os três escolhidos.

Nenhum dos três adolescentes haviam feito isso antes. Além do medo de fazerem algo ‘’errado’’ tinha o medo dos colegas que estavam assistindo zombaram de alguma coisa, ou contarem para todo mundo que não serviam nem para dar um beijo a três! O trio ria, se desculpava um com o outro antes mesmo de começarem, um ficava olhando para a cara d outro e não se continham as gargalhadas! Até que Murilo, para variar, apressou o grupo:

-Pessoal, não paguei ingresso, mas espero ter alguma atração para assistir!

-Ta bom! Vamos logo com isso! – disse Luciana, mudando completamente, seu riso havia sumido de sua face e estava totalmente séria e concentrada no que tinha que fazer.

Isabelle estava de frente para Vitor. Luciana instruiu os dois a começarem e logo que eles começaram a se beijar ela entrou no beijo com uma facilidade e um medo jamais sentidos. E eles permaneceram no beijo, até que para novatos estavam organizados, por assim dizer. Ficaram de bocas atadas por cerca de quatro minutos e ficariam mais se não fosse por Fabio:

-Isa, você ta fechando a menina!- zombou

-Não to! –disse Isabelle automaticamente saindo do beijo

-Certo! Minha vez! – disse Luciana – Quero ver o Murilo e a Isabelle ficarem! No mínimo três minutos!

-Tudo bem! – disse Murilo

Mas algo acabou dando errado. Murilo foi na direção de Isabelle, fecharam os olhos, porém menos de dez minutos que começaram, algo inexplicável aconteceu. A garota o empurrou e começou a gritar perguntando se ele não sabia beijar e que aquilo era horrível. Nessa hora todos ficaram de boca aberta, literalmente, os alunos se olhavam como se procurando a resposta um na cara do outro, mas aparentemente não encontraram, mesmo assim um ficava olhando para o outro, inconformados com a situação.

Vitor não tinha nenhuma consequencia em sua vez, e a deu para Murilo que pediu para que Isabelle e o amigo se levantassem. Vitor era muito mais alto que a garota, ele com seus dois metros e cinco centímetros de altura, muito mais alto que todos ali. Então, Murilo pediu que Isabelle lambesse as costas dele de cima até a cintura. Ela o fez sem saber que o seu amigo Fabio filmava tudo de maneira discreta, com a ajuda de Luciana e Ângela.

Quando ela terminou, o jogo tinha acabado e significava que aquele dia, que havia sido um dos mais estranhos na vida dos quatro jogos que começaram aquele jogo iria ficar apenas na lembrança.

Desceram as escadas e foram indo embora. Ângela com Fabio e Isabelle, Vitor com Murilo e Luciana ia embora sozinha. Se despediu de todos, beijou a namorada, virou as costas e foi embora.



















Esquecimento

Luciana saiu do escritório onde trabalhava com uma sacola com um ovo de páscoa e com um destino certo. Iria até a casa de sua mãe, pois fazia um certo tempo em que elas não se viam. A garota havia tentado retomar contato com a mãe, ligava para ela de vez em quando e toda a vez em que desligava após uma conversa lenta, parada e triste ela chorava as lágrimas mais quentes e pesadas que já existiram, e o sabor amargo delas dava uma amargura em sua boca jamais antes sentida . O aperto que sentia em seu coração pela falta da presença da mãe em seu cotidiano formava um vazio gigantesco, um abismo, que a matava internamente dia a pós dia. Chorava por tudo, pela partida, pela falta, pela voz no telefone se despedindo. Quando Luciana percebia que a conversa estava terminando seus olhos já se enchiam de lagrimas pois sabia que assim que terminasse aquela simples ligação, que tinha como dever aparentar ser uma ligação rotineira, não seria aquela voz amável que ela escutaria em seus ouvidos e ao voltar para casa a noite não seria a presença dela que apaziguaria qualquer besteira do dia-a-dia. A palavra ‘saudade’ para Luciana fazia um efeito tão devastador pela falta da figura materna que ela chorava às vezes só de lembrar de qualquer bobagem que as fazia rir junto. Antes de dormir era sempre a mãe que habitava os seus pensamentos, no começo, o cobertor e a luz apagada eram acompanhados de uma gota salgada e solitária, já depois do costume era apenas uma lembrança, como uma prece de criança antes de dormir, algo que se quer atingir mas não se tem idéia de como ou quando.

Chegando na casa de sua mãe, Luciana entregou lhe entregou o ovo que havia encomendado especialmente para ela. Começaram a conversar sobre coisas cotidianas e devido a hora, a filha teve que ir embora pois já era tarde e tinha que ir para a casa de sua tia, onde morava atualmente.

° ° °

Na manhã seguinte Luciana começou a arrumar as malas, pois iria viajar para o sítio de sua tia Gezebel. Ficaria lá por três dias, voltaria sábado de manhã, em seu aniversário. Sua irmã Barbara iria com ela na viagem e ela não se sentiria tão sozinha no sítio de Gezebel.

Naquela manhã, Luciana ligou para Barbara para combinar a hora em que iriam viajar e a noticia de que ela não iria mais por não estar com vontade deu um gelo na irmã, pois iria com a tia com quem morava, Úrsula, o marido Daniel e com a filha de dois anos do casal, Maria. Fora a família de Gezebel, que era composta por ela, pelo marido Adolfo, a filha de Adolfo do primeiro casamento, Jane e o pai de Gezebel e Úrsula, Breno. A babá de Maria, Odete, não acompanharia a família na viagem e por incrível que pareça, Luciana só tinha finidade com ela.

Passou o dia arrumando as malas e no fim da tarde tentou ligar novamente para Barbara para tentar fazê-la mudar de idéia, colocou até Úrsula para falar com ela mas de nada adiantou. A irmã havia colocado na cabeça que não ia viajar.

Ao chegar no sitio, Luciana se deparou com um lugar bonito e aconchegante, porem perturbador. Havia algumas esculturas de madeira representando índios que eram extremamente reais , parecia que elas observavam as pessoas que ocupavam aquela acomodação.

Trocava sempre mensagens de texto com Ângela, falando o que estava fazendo, sobre o clima, que sentia saudades, coisas do tipo

O grande passatempo no sitio de Gezebel era jogar baralho. O tédio reinava sobre o lugar.

Na manhã seguinte todos se arrumaram, foram a piscina e até que tinha sido divertido, porém era tudo muito silencioso e o ruim de não ter nada acontecendo é que se pensa no que vai acontecer, ou no caso de Luciana, no que já havia acontecido.

Refletia como Vitor era sensual, como Murilo parecia ser interessante, uma ótima pessoa para se conviver e como Ângela tinha amigos interessantes. De repente um passo que resolveu dar abriu uma porta de possibilidades. Havia ficado com uma vontade louca de sentir Vitor novamente e isso a fez sentir uma dúvida: por que Murilo não se incluiu em nenhum desafio? Para ele não seria vergonha nenhuma mostrar que queria participar de um beijo triplo e alem do mais logo depois Isabelle havia o humilhado e feito com que todos ficassem embasbacados com sua reação de repugnância para com o beijo do garoto. Na mente de Luciana, Murilo nunca havia beijado antes. Ficou com esse pensamento rondando sua cabeça por um tempo e acabou adormecendo.

Acordou sentindo vibrações estranhas em seu travesseiro, olhou o relógio e ele marcava cinco horas da manhã. Recebeu uma mensagem de Ângela dizendo que estava saindo de casa para ir pescar com seu pai e a bateria estava acabando, por isso ela queria desejar um feliz aniversario e dizer que a amava. Luciana voltou a dormir e quando acordou três horas depois, ficou na cama analisando friamente a mensagem. Decidiu que achava pesca uma coisa cafona, que Ângela era uma pessoa desatenta pois ninguém atento deixaria o celular em pleno feriado sem bateria, que havia ganhado o primeiro feliz aniversario e ficou estática com a falsidade da namorada de três dias já falando sobre amar. E não eram nem três dias, pois só haviam se visto no dia em que Ângela a pediu em namoro e mesmo assim Luciana teve muito mais contato com Vitor e Isabelle do que com a namorada. Achou que era um tipo de demonstração de afeto exagerada, mentirosa e desnecessária . Luciana sentiu uma raiva mediana de Ângela.

Durante a manhã recebeu os ‘’Feliz Aniversario’’ das pessoas que estavam no sítio, começou a pensar se sua mãe ligaria desejando os parabéns, afinal o numero de seu celular continuava o mesmo desde que havia saído de casa.

Arrumaram as coisas e voltaram para São Paulo, Luciana não tinha planos pois estava de castigo devido a um incidente, segundo ela, uma bobagem que havia acontecido enquanto sua tia fazia uma de suas viagens ao exterior.

Pior do que não ter planos para o dia de seu aniversario, é ir na festa de outra pessoa, principalmente se a pessoa fosse fútil e esnobe. E era exatamente isso que Luciana faria. A prima de Úrsula, Joana, fazia aniversario no domingo, mas não dava para fazer uma festa de domingo pois segunda-feira de manhã as pessoas, ou a maioria delas, tinham compromissos, então Joana resolveu fazer a festa no sábado, dia do aniversario de Luciana.

Passaram o dia descansando e à noite se arrumaram para ir na festa de Joana, que mais parecia uma caricatura de si mesma. Atualmente ela era gorda, vermelha, com uma calvície já avançada que havia dado de seu pai e três fios de cabelo tingidos de loiro no topo da cabeça, tudo isso no auge de seus vinte e oito anos.

Durante a festa ficou apenas comendo e sorrindo, não havia nada a se dizer pelo simples fato de que tirando os dizeres de seu aniversario, ninguém dizia nada a ela.

Antes de dormir chorou, havia recebido mensagens de texto e telefonemas de amigos e parentes, porem nem sinal de sua mãe.