domingo, 7 de setembro de 2014

Mares Noturnos

No meio da noite em qualquer lugar, mergulhada na doença que nunca muda, descendo fundo na água fria, mares noturnos são assim. E se eu não voltar mais? Uma vida baseada em aproveitar os últimos dias ou tentar ganhar mais alguns. Se eu olhasse no fundo do oceano enquanto ganho um último sopro de vida e lembrasse de algo que eu sentia, lembrasse da vontade de viver, talvez aproximasse a vida de mim, então me diga que está tudo bem, talvez eu fosse estúpida, talvez não. Mares noturnos nos remetem a isso, a choros sem lágrimas e dores que os hematomas não aparecem e tudo continua como sempre. Liberta da placenta, frágil e solta, pronta pra se despedir.