terça-feira, 16 de julho de 2019

As Quatro Horas das Tardes Nubladas

Eu encontrei esse lugar: calmo, escuro, silencioso e isolado. Onde parece que todos os meus maiores medos se encontram, não tem nenhuma musica dessa vez. Eu pergunto a mim mesma: pra onde todo mundo foi? Eu queria encontrar alguém no meio de todas as minhas cores favoritas ou até nas quatro da tarde de todos os dias mais nublados, mas costumo encontrar apenas a mim mesma nos suspiros mais cansados que ja dei, tentando me acalmar. Eu não reconheço mais as vozes, nem o toque, e quase não me lembro mais dos rostos. Eu estou doente? Eu caminho por aqui e não consigo encontrar outro caminho. Respire, apenas continue se concentrando em respirar. Sólido como uma rocha, meus pensamentos são tudo o que eu tenho agora, mas será que eles são fortes como as raízes de uma árvore, que se agarram a um simples pedaço de terra no chão e erguem toda uma vida metros acima? O céu dessas tardes estão infestados de nuvens que para nós, parecem apenas um borrão em meio ao cinza, mas eu sei que elas são densas e carregam uma grande bagagem. Eu sou densa o suficiente? Pro que exatamente eu estou me preparando? Quando a luz aparecer eu tenho medo de cegar meus olhos, que já nem sabem mais como ela é, nem de onde vem. Eu preciso sentir alguma coisa, mas não sei o quanto esperar. A tarde nublada e silenciosa se tornou uma prisão que me obriga a me privar do mundo la fora, se eu não posso sair, alguma coisa tem que entrar!

quarta-feira, 3 de julho de 2019

O Dia Em Que Eu Te Desconheci

Ah só eu sei de como eu não tenho medo de viver, mas como eu queria que tivesse sido mais fácil desviar do vão. Eu tô relutando tanto pra escrever, que desconheço a sensação, uma hora esse mar ia transbordar. Eu sempre me achei forte mas não sabia que seu jogo era derrubar, eu nem te conheço mais e isso me assusta. Até onde iria? Pelo que iria? O que esse estranho fez com os dias que eu amei? Eu nem imaginava que depois da linha de chegada tinha um gatilho. Naquele hiato eu parecia prever que o dia ia acabar mais cedo mas nem sonhei que a meia noite ia ser tão atordoada. O elefante que devia ficar dentro do quarto criou asas e voou para onde todos podiam enxergar, se exibindo como um vencedor, porém a minha visão não está mais embaçada e tudo parece muito claro, tão claro como o dia que eu estou esperando raiar e eu comece tudo de novo no lugar que eu tenha que estar, no meu lugar. Talvez até com quem eu devo estar e seguir em frente pra quem eu preciso ser. Eu nunca quis que as coisas desabassem em cima da minha inocência por nunca querer enxergar o caminho que as setas sempre indicaram para não ir. Um cigarro, uma olhada na exposição social alheia onde os valores se invertem e pode-se observar o lixo sendo degustado como o prato mais caro do mundo. Com a lava saindo do vulcão pra nunca voltar, me despeço em definitivo do que eu enfim desconheço.

domingo, 9 de junho de 2019

Hiato

E nessa noite o que reina é o silêncio, o barulho de chuva artificial só piora o ambiente, eu não sei bem o porquê, mas o torna mais triste. Eu me perdi em todas as minhas palavras e parece que não restou nada a dizer. Agora eu me confundo em saber se dentro deste corpo existe uma alma viva e lúcida.
São 1:39 e meu estômago parece estar próximo da minha nuca, após eu revirar o mundo exterior parece que algo começou a revirar dentro de mim e eu me mantenho em repouso sem conseguir repousar.
Usei todas as minhas forças que eu não consigo nem levantar pra fumar um cigarro. Em algum lugar brotou uma lacuna, um vão, um hiato. Eu nao consigo começar uma nova frase, nem concluir as que eu ja comecei. Minimizada no quarto escuro querendo me sentir especial, com abismos muito grandes me distanciando de tudo que eu acredito. Talvez eu devesse ir...

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Parênteses

Eu fico pensando, tentando me convencer que nos planos futuros que fizemos se eu estiver na companhia de um bom livro poderei me encontrar melhor que no seu abraço, onde tantas vezes ja imaginei um mundo inteiro, um lar. Me sentindo mais uma vez na tentação de ouvir o telefone chamando e sua voz de sono me atendendo sem entender nada enquanto eu desabo do outro lado da linha, sem você nem sonhar o impacto que tudo sempre teve sobre mim, por sempre acreditar (erroneamente) que eu estaria sempre ali, incrível o tamanho da lealdade que eu pareço a outros olhos ter, como minhas palavras de um pra sempre todo mundo acredita. Um monte de questionamentos e eu tenho esse (terrível) hábito de justificar os outros coisas que ninguém liga em justificar, coisas que ficam ao relento, até que um dia fiquei eu mesma ao relento, na chuva, sozinha (na noite) sem ter certeza, sem saber se está com medo de ficar ou de ir, eu tenho ligado os pontos e parece que eu tenho visto tanto e ando tão cansada do que vejo, eu posso ate imaginar pelo que você passa, mas sinto isso me queimando, enquanto você se queima. Eu queria poder chegar na praia e respirar sem pensar em um porém, sem ter que meditar muito sobre o que fazer, nem ter que mentir ou sentir a mentira em você. E eu acho (inocentemente) que pensar que você está ensaiando me perder é me iludir, nao tenho certeza do que eu tenho que ser, nem do que esperar de você. Eu (claramente) consigo ver a praia e o sol a me queimar ao invés  de você e me da vontade de respirar, de mergulhar e esfriar a alma, e (apesar de tudo) eu tremo de pensar em não me afogar por la...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Assimétrica (Luz para transcender)

Meu coração, molhado, quente, exposto sem caixa torácica, sem barreira nem proteção, pulsando envolto em tuas mãos, enquanto o grito ecoava mudo quarto a dentro, o soluço que não saía enfim, mais um grito, mais um pedido de socorro que não chegou. Dentro de mim os escombros do que talvez eu ja não me sinta mais, do que eu ja não faço parte, do que não pertence mãos a mim, do lado de fora se formavam vários raios de sol tentando me fazer brilhar de novo, as nuvens, as árvores e a densidade no ar tentavam impedir meu corpo de evaporar de vez e desaparecer, talvez sem sucesso, talvez eu ja tivesse sumido das lembranças a um bom tempo e não tenha percebido ser um fantasma a perseguir uma vida que nunca foi sua. E se esse fantasma estivesse so a te assombrar e nao a te fazer lembrar? E se tudo que eu tentava agarrar só formava uma maldição a quem eu tentava acompanhar? E assim me percebo assimétrica, me tenho então como ímpar, como um universo perdido e só imaginado, como seria o certo de eu ser? Todos esses suspiros estão ao meu redor a tanto tempo que eu nem conheço mais o silencio, me perdi da minha paz, do meu juízo e do meu centro, meu auto reconhecimento de mim para comigo como a mim mesma. É preciso absorver para crescer, é preciso força para combater a tudo e de luz para transcender.

domingo, 7 de janeiro de 2018

O Vencedor Está Só


O quarto escuro, a cama vazia e a voz que canta, calma e pesada como um sussurro de uma antiga canção que parece me ninar no pranto solitário que tive hoje. Parece que faz muito tempo, como em uma outra vida, onde eu não era tanto mas parecia ter muito mais, agora parece que só sobrou o que resta da beleza. Aonde foi parar o brilho de uma que a pouco era o reflexo da noite eu não sei. Se esvaiu em fumaça de uma madrugada, solitária, olhando pela janela e quase sorrindo por lembrar de algo que um dia pareceu verdadeiro. O coração pesado sem entender se talvez a racionalidade tivesse sido o caminho errado a se escolher, afinal a estrada permanece vazia, sem ninguém ao redor para também se arrepender, a emoção agora não está compartilhada, se mantém em um coração cheio de segredos. Eu li uma vez que o vencedor está só, mas desse jeito vale a pena vencer se no fim o choro eh inevitável disfarçado de paz perpétua? O primeiro choro do ano foi ouvindo você cantar pra mim e entender completamente um choro de quem parece que vai desmoronar se for respirar. Dói relevar e não querer relevar, quando amanhece o dia e não tem ninguém na linha de chegada. Um abismo se forma no meu peito por lembrar daquela noite chuvosa, onde tudo que fazia sentido era apenas estar li, de punhos expostos, ouvindo sobre confiança. E talvez ser livre seja o troféu mais amargo que eu tenha ganhado

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Finalmente Chorar

O gigante abismo que carrego dentro do meu peito e me faz sentir culpada, não fui perfeita, a vontade de desaparecer ao enxergar o próprio reflexo, coisas assim me giram em torno da minha cabeça quando me deito todas as noites. A vida toda imaginei que o pior choro que pudesse existir fosse o que a lágrima caísse quente e pudesse sentir centímetro por centímetro do rosto queimar, derreter, reduzir-te a nada, mas sob uma lua como essa, um dia tive a certeza de que a pior lágrima é a que cai fria, quando o gelo consome tudo por dentro e as lembranças forem muitas e não houver espaço o suficiente para o coração bater. Pude descobrir que a lágrima esfria de acordo com o tempo que a guardamos. Eu tenho pra mim, que não me permiti chorar no momento de chorar, que enganei a todos e a mim mesma, a dor não pode ser assumida.
Quando se assume ter dor, se assume um julgamento e este por sua vez não vem em palavras de consolo, ele vem nos olhos. Os olhos de quem não entende, de quem não cede, de alguém cuja alma já partira porem o corpo ficara ali, respirando e piscando, permanecendo uma casca seca e vazia por dentro. Os olhos julgadores chegam a pesar para quem precisa ser amado e quase sempre denotam aquela rispidez de quem se perpetua cheio de si.

Ao redor de mim nada tinha, nem ninguém, e me peguei confortável por um breve momento. O suspiro surgiu, quando o ar todo saiu entredentes, a consequência veio a existir, avassaladora, partindo o pouco que eu cultivava dentro de mim. O choro pôde vir sem se conter juntamente com o ar que me faltava durante todo esse tempo, pude ter a sensação de finalmente me permitir sentir, finalmente chorar, finalmente.