sábado, 21 de julho de 2012

Uma noite na Floresta das Ilusões


A Lua estava calma, plena e pálida, sim pálida, era esse o adjetivo na ponta da língua do Lobo.  Lobo esse que acabava de voltar de uma grande viagem.  Frio, molhado e triste a caminhar pela Floresta das Ilusões no meio daquela noite decepcionante. Estava de cabeça baixa, lagrimas caíam de seus olhos, profunda que era a tristeza que sentia, uma nuvem densa, uma tremenda tempestade chovia em seu coração e isso chamou a atençao da Lua, que tambem estava solitária, num céu sem estrelas, ja não chovia no coração dela, pelo contrario, um grande vazio crescia e se apossava daquela alma que já nao tinha forças para lutar.
Ambos eram armas carregadas, prontas a explodir a qualquer momento, por menos letal que fosse. Ossos e sangue mostravam o caminho, o precipício estava logo ali a frente. O animal parou por um momento, nao olhava para nada ao redor, só seguia, quieto, com pulsações leves, quase que inexistentes. Chegando ao final daquela via, ele se deitou, e ficou a observar a simples Lua, tão melancolica que era, mas ele apenas a olhou, nao resparou o que era ou o que deixava de ser. Apenas passou os olhos, como quem observa um estranho qualquer. As obsessões de ambos eram fatais como veneno desde o começo, mas não eram fortes o bastante para admitir.
Ela estava plena, e enxergou atraves da alma daquele Lobo solitário que estava diante dela, ficou a sentir o momento com os olhos fechados, conseguiu como num passe de magica enxergar atravez da pele que o cobria, sentiu as dores da alma daquele que não tinha alcateia. Rezou, enquanto ele tentava sem sucesso se despedir do Sol que tanto o havia decepcionado, pedia a Circe com todas as suas forças que não deixasse se esvair mais uma alma de criaturas da noite, afinal, já eram tao poucas e já nao se ouvia falar mais delas como antigamente.
Sempre as criaturas da noite eram assim: apareciam, passavam a noite naquele mesmo lugar onde estava o Lobo neste momento, porém desapareciam com a chegada do Sol. A Lua nunca sabia se eles tiravam a própria vida ou se voltavam para o Sol, só que nunca mais apareciam por aquela Floresta das Ilusões. Mas dessa vez parecia ser diferente, ele parecia saber que seres da noite não podem mudar o que são, apenas são e pronto. Não havia como sair da maldiçao que os envolvia desde de o início de suas vidas. Só restava para a Lua esperar que ele fosse embora, como todos os outros atras de seu precioso Sol, e só restava ao Lobo entender que o Sol nasce pra todos, porém são poucos que podem  entender o quão significativo é a Lua para os que habitam a Floresta das Ilusões.