sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Finalmente Chorar

O gigante abismo que carrego dentro do meu peito e me faz sentir culpada, não fui perfeita, a vontade de desaparecer ao enxergar o próprio reflexo, coisas assim me giram em torno da minha cabeça quando me deito todas as noites. A vida toda imaginei que o pior choro que pudesse existir fosse o que a lágrima caísse quente e pudesse sentir centímetro por centímetro do rosto queimar, derreter, reduzir-te a nada, mas sob uma lua como essa, um dia tive a certeza de que a pior lágrima é a que cai fria, quando o gelo consome tudo por dentro e as lembranças forem muitas e não houver espaço o suficiente para o coração bater. Pude descobrir que a lágrima esfria de acordo com o tempo que a guardamos. Eu tenho pra mim, que não me permiti chorar no momento de chorar, que enganei a todos e a mim mesma, a dor não pode ser assumida.
Quando se assume ter dor, se assume um julgamento e este por sua vez não vem em palavras de consolo, ele vem nos olhos. Os olhos de quem não entende, de quem não cede, de alguém cuja alma já partira porem o corpo ficara ali, respirando e piscando, permanecendo uma casca seca e vazia por dentro. Os olhos julgadores chegam a pesar para quem precisa ser amado e quase sempre denotam aquela rispidez de quem se perpetua cheio de si.

Ao redor de mim nada tinha, nem ninguém, e me peguei confortável por um breve momento. O suspiro surgiu, quando o ar todo saiu entredentes, a consequência veio a existir, avassaladora, partindo o pouco que eu cultivava dentro de mim. O choro pôde vir sem se conter juntamente com o ar que me faltava durante todo esse tempo, pude ter a sensação de finalmente me permitir sentir, finalmente chorar, finalmente.