E eu acho que eu me perdi no meu maldito sonho perfeito, me
vejo agora como se eu mesma fosse uma lembrança de um dia embriagado. Sem ver
mais, sem ouvir a voz e muito menos o toque, que estava tão presente a pouco.
Eu permaneço sussurrando como uma oração doentia e achando que isso me faz mais
mulher.
Aquele romance de botequim que me fazia pensar em tirar o
vestido e continuar dançando. Perdendo o fôlego toda vez que olhava no fundo
daqueles olhos. Infeliz mera lembrança.
A correria na noite dos foragidos, todos os risos, toda a
falsidade das pessoas ao redor, falando rápido, se sentindo no caminho da ilha
dos prazeres, um iludindo ao outro a cada jura de amor. E eu permanecendo bem,
o tempo passando e eu ficando bem, tudo bem.
Aquele maldito sonho perfeito que eu me agarrava quando
embriagada, voltando e fugindo pela mesma entrada, os mesmos trilhos
enferrujados, eternizados no torpor que tivemos ali e que ali permanecerá. Não estou
triste, só estou comum. Presa no sentimento ilusório de que tudo está como
esteve ontem e semana passada, repetindo que tudo está bem quando está normal.
Nem bem nem mal, nem feliz nem triste. Tudo apenas está...